Tal
qual o personagem caricatural, interpretado por Paulo Betti, na novela
“Império” da Globo, o blog CONJUR, porta-voz
do lobby industrial do amianto, vem despejando
sua virulência em reação às últimas conquistas sociais na luta pela erradicação
do mineral cancerígeno no Brasil, mirando com sua metralhadora giratória (seus CLIQUES) todos os inimigos da fibra
assassina.
Numa
escatológica produção em série, o tablóide digital CONJUR, pouco conhecido fora
dos meios dos operadores do Direito, além de costumeiramente publicar panfletos
publicitários em defesa do amianto, nesta semana resolveu também atacar os
defensores e entidades pró-banimento do amianto no Brasil, em especial o
Ministério Público do Trabalho (MPT), que realiza um trabalho hercúleo de
conscientização de empregados e empregadores sobre os malefícios provocados
pela fibra killer; trabalho este,
diga-se de passagem, reconhecido nacional e internacionalmente. Vejam a Nota de
Esclarecimento do MPT, a seguir, e o comentário do Gerente Nacional do Programa
de Banimento do Amianto. Convenhamos: Não dá para levar a sério um blog que
tenta atingir a credibilidade da instituição mais respeitada deste país, que é
o Ministério Público com seus relevantes serviços prestados à sociedade
brasileira!
Dos fatos: Inconformado com a
premiação recebida nos Estados Unidos pelo MPT, em 18 de abril passado, por seu
trabalho inédito no mundo pelo banimento do amianto, o blog CONJUR enviou a
Washington uma “foca” (jornalista novata, a quem são destinadas as pautas menos
especializadas) para acompanhar o jantar de premiação promovido pela mais
proeminente entidade americana de conscientização e prevenção sobre os riscos
do amianto (ADAO-Asbestos Disease Awareness Organization). Por se tratar de um
evento de poucos recursos, todas as atividades ali eram pagas, inclusive o
jantar de premiação, por adesão, a um custo de 100 dólares por cabeça, que, para
os padrões americanos, não pode ser considerado nenhuma extravagância.
A
“foca” portava uma cola com as perguntas a fazer e deixou claro não conhecer
nem o tema do amianto e muito menos as pessoas ali presentes. Pelo jeito também
não dominava o inglês porque nas notas enviadas ao Brasil confundiu convidados,
citando pessoas que nem estavam presentes, e me colocando no palco para
recebimento do prêmio sem eu nunca ter estado (é só observar o vídeo do
discurso do Procurador-Geral, Dr. Luis Camargo, no ato de aceitação do “Tributo
à Inspiração” em https://www.youtube.com/watch?v=CX6ZHj2xiYQ). O mais feio, porém,
foi o fato de sair de fininho, antes da sobremesa, fingindo ir ao banheiro, sem
pagar a conta, deixando para seus compatriotas avexados o ônus de sua inoportuna
e dispensável presença. Será que ela pensou que era o dia do pendura, o
tradicional calote dos estudantes de Direito?
A pobre foca devia estar mesmo na “pindura”,
pois além do calote, traduziu o que viu em “JANTAR DO BILHÃO” e chamou o hotel
4 estrelas da cadeia Marriot, Crystal Gateway, na periferia de Washington, no estado
de Virgínia, de
“luxuoso”. Queriiida, mas que pobreza!
Como diz o ditado popular: “falem mal, mas falem de
mim”, já que o tablóide me atribuiu mais uma graduação “honoris causa” e me
intitulou como “advogada”, o que me deixa muito feliz, já que participo, com
muita honra, da defesa social dos hipossuficientes contaminados por indústrias
inescrupulosas, além, claro, de atuar como consultora na minha real área de formação
em Engenharia Civil com especialização em Segurança e Saúde no Trabalho.
Por fim, e não menos importante, como dizem os
americanos “the last but not least”, no afã dos cliques, para agradar o
“patrão”, o editor blogueiro do CONJUR, que assina a matéria pretensamente
jornalística, se traiu em sua última investida quando reproduziu em destaque a
matéria do IBC - Instituto Brasileiro do Crisotila, a entidade propagandista do
amianto, travestida de científica - verdadeiros “mercadores da morte” -, e
chamou o panfleto publicitário de TRÉPLICA. Uiuiui, curuzes! Será que ele se confundiu ou se traiu e não foi o
verdadeiro autor do artigo achincalhador publicado em seu tablóide digital?
Relembrando mais uma vez o hilário
Téo Pereira, o blogueiro inescrupuloso, termino aqui estas reflexões, no dia
Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, e em sua homenagem, com um dos
memes atribuídos ao seu personagem antológico - o novo Macunaíma, o herói sem
nenhum caráter : “Triste de quem pensa que ficar “dentro do armário é melhor”! O perfume
vai acabar virando naftalina!”
São Paulo, 1º. de Maio de 2015.
©Fernanda Giannasi
NOTA DE ESCLARECIMENTO DO MPT
No
dia 19 de abril, ao término da 11ª Conferência Anual para Conscientização sobre
as Doenças do Amianto, em Washington, nos Estados Unidos, o Ministério Público
do Trabalho (MPT) recebeu o prêmio “Tributo Inspiração” da Organização para
Conscientização sobre as Doenças do Amianto (Adao, na sigla em inglês). Ao
contrário do que sugere o título da matéria do Conjur “Brasileiros que combatem
amianto são premiados por escritórios americanos”, o prêmio foi concedido pela
Adao e destinado ao MPT, não às pessoas do procurador-geral do Trabalho, Luís
Camargo, e dos procuradores Márcia Kamei Lopez Aliaga e Philippe Gomes Jardim,
que ali estavam na condição de representantes da instituição.
A 11ª
Conferência Anual para Conscientização sobre as Doenças do Amianto, realizada
entre os dias 17 e 19 de abril, contou com a participação de uma centena de
especialistas de todo o mundo – dentre os quais médicos, engenheiros,
advogados, familiares de vítimas e também trabalhadores com mesotelioma, o
câncer do amianto. Esta é a primeira vez que uma instituição pública recebe
esta premiação no mundo.
A
matéria do Conjur ainda descontextualiza a fala do procurador Trabalho Philippe
Gomes Jardim, induzindo o leitor tirar conclusões equivocadas. Ao contrário do
que informa o texto, a fala do procurador não foi feita durante a cerimônia de
premiação, mas sim em um painel, no dia 17, ou seja, no primeiro dia da
Conferência, sobre a atuação institucional do MPT acerca do tema amianto. “A
atuação do MPT procura estimular a edição de mais leis estaduais e municipais
proibindo o uso da fibra e também busca responsabilizar judicialmente empresas
que já produziram e ainda produzem passivos sociais pelo uso do amianto”,
afirmou na ocasião.
Ao
final da 11ª Conferência Anual para Conscientização sobre as Doenças do
Amianto, houve uma cerimônia de premiação, ocasião em que foi servido um
jantar. Mais uma vez, o autor da matéria se equivoca ao informar que também
subiu ao palco para receber o “Tributo Inspiração” a auditora fiscal do
Trabalho aposentada Fernanda Giannasi, quando, na verdade, somente os
representantes do MPT o fizeram: Luís Camargo, Márcia Kamei Lopez Aliaga e
Philippe Gomes Jardim. Por fim, faz-se necessário frisar que o Ministério
Público do Trabalho não possui qualquer relação com os escritórios de advocacia
americanos citados no texto. Sua atuação institucional é pautada pela
independência, estando à margem de questões que envolvam disputas entre
empresas.
Banimento do amianto – A Organização Mundial da Saúde considera o amianto
cancerígeno desde 1977. Hoje a substância é proibida em toda a União Europeia e
em nações de outros continentes num total de 66 países.
A
luta pelo banimento do amianto no Brasil é considerada prioritária pelo MPT,
que conta com um Programa Nacional de Banimento do Amianto, que integra a
Coordenadoria Nacional em Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat). A
proteção à saúde e à segurança do trabalhador é o objetivo da coordenadoria
como forma de evitar e reduzir os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
Brasília, 28 de abril de 2015.
Assessoria de Comunicação
Procuradoria-Geral do Trabalho
Ministério
Público do Trabalho
Amianto
29 de abril de 2015.
A fim de aprimorar o conteúdo jornalístico da notícia publicada, é
imperativo acrescentar as seguintes informações: a) anfibólio e crisotila são
variedades minerais do amianto, ambas as variedades reconhecidamente
cancerígenas para humanos de acordo com Portaria Interministerial nº 9 de
07/10/2014 (Ministérios do Trabalho, da Saúde e Previdência Social) e com
Organização Mundial de Saúde; b) a Sra. Fernanda Giannasi é, também,
comendadora pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelo Tribunal Regional da 15ª Região
pelo reconhecido trabalho desenvolvido em diversos casos de contaminação de
trabalhadores pelo amianto (crisotila e/ou anfibólio), como por exemplo a
contaminação dos trabalhadores de Osasco/SP, onde o amianto (crisotila e/ou
anfibólio) foi banido; c) a disputa econômica citada se dá entre grupos
empresariais que, em um passado muito recente, tinham interesse comum no
aproveitamento econômico do mineral cancerígeno e eram sócios em diversas
operações nas áreas de mineração e de fabricação de telhas onduladas a base de
mineral cancerígeno; e d) o programa de banimento do amianto do Ministério
Público do Trabalho tem como foco a saúde dos trabalhadores expostos ao mineral
cancerígeno e a higidez do meio ambiente de trabalho, sendo certo que o
problema dos atuais rivais e outrora parceiros comerciais é questão privada e
muito distante da atividade do MPT.
Luciano Lima Leivas
Procurador do Trabalho
Gerente Nacional do Programa de
Banimento do Amianto
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